
O número de processos trabalhistas na Bahia caiu mais de 50% em janeiro de 2018, se comparado com o mesmo período do ano ado, segundo dados do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-BA). A queda das ações acontece três meses depois de entrar em vigor a reforma trabalhista. 5m5x1b
No primeiro mês de 2017, 7.548 trabalhadores deram entrada no TRT-BA com processos. Já em janeiro deste ano, foram apenas 3.056 processos.
A juíza auxiliar do TRT-BA, Dorotéia Azevedo, destaca que ainda é cedo para afirmar que a redução foi uma consequência das novas normas.
"Talvez seja prematura atribuir isso à reforma. Agora, certamente, são dados importantes que chama a atenção de todos. Talvez, tenhamos que aguardar um pouco mais para ver se esse processo de queda no número de ações continua ou não e aí, sim, averiguar de forma científica as causas dessa queda", destaca.
O Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, já recebeu 18 ações de inconstitucionalidade contra a reforma trabalhista. Uma delas questiona a obrigação do trabalhador em ter que pagar as despesas do processo se ele perder a causa. Isso, segundo os especialistas, pode estar relacionado à redução do número de ações.
Para o Ministério Público do Trabalho (MPT), a nova determinação prejudica o trabalhador.
"A reforma trabalhista, de uma forma muito infeliz, tentou tolher esse o ao poder judiciário. Temos sentenças que condenam os trabalhadores e, no lugar de receber em decorrência da violação dos seus direitos trabalhistas, ele teve que pagar por ter ingressado na Justiça e ter buscado os seus direitos", destaca o procurador chefe do órgão, Luís Carneiro.
A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) também entrou com uma ação de inconstitucionalidade no STF contra a reforma, mas especificamente contra o limite da indenização de processos por danos morais.
Antes, era o juiz que decidia qual seria o valor da indenização para o trabalhador. Agora, a indenização só pode ser de, no máximo, 50 vezes o teto do benefício recebido na previdência social.
"Se ambos sofrerem o mesmo dano na atividade, eles poderão hipoteticamente, ter uma diferenciação. Quem ganha menos se aposenta com um valor menor na previdência social, normalmente. E quem recebe mais, normalmente, se aposenta com valor maior, atingindo até o teto", destaca a juíza e representante da Anamatra, Sílvia do Vale.
Já para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo da Bahia (Fecomercio/BA), a reforma trabalhista precisava ser feita.
"O pequeno e o médio empresário sempre tinham dificuldade de se defender. Além disso, tinham que deixar sua empresa para ir atender a uma questão trabalhista e isso tinha um custo. Agora, o advogado pensa duas vezes antes de prestar uma queixa", afirma o presidente do órgão, Carlos de Souza Andrade.
Para o advogado trabalhista Eliel Teixeira, a reforma trabalhista ainda deixa várias dúvidas no ar. "Tem vários pontos que os próprios juízes e advogados questionam, para saber como é que vai ficar, e isso demanda tempo", destaca.
Fonte - G1