Para tentar resolver o problema, eles viajam para Cruz das Almas ou Muritiba, evitam sacar a grana e fazem um maior uso dos cartões de débito. Quando não tem jeito e precisam muito do dinheiro em espécie, apostam em esconder as quantias em diferentes partes do corpo, como na meia, dentro do sapato ou até no sutiã.
“Eu tento ser o mais discreta possível e não aparentar nervosismo, porque os assaltantes podem perceber. Também evito fazer essas coisas na parte da noite”, contou Celidalva Mota, 35 anos, atendente de uma loja de eletrodomésticos em Cachoeira. Ela diz que ou a andar sempre atenta: “Infelizmente, essa onda de assaltos faz com que a gente ande sempre atento e desconfiando de todo mundo”.
Sem opção
Em Carinhanha, no Vale do São Francisco, município onde o Banco do Brasil foi alvo dos bandidos em 18 de janeiro deste ano, a única agência funcionando é a da Caixa Econômica Federal. Quem não tem conta nesse banco precisa ir até o município de Malhada, que fica a 30 minutos do local.
A população opta por esperar pelos que têm carro para pegar carona, porque muitos não se arriscam nos transportes públicos com o salário em mãos. A tática, apesar de funcionar, muitas vezes acaba atrasando os pagamentos, uma vez que nem sempre a carona aparece no momento em que a pessoa precisa.
Em algumas regiões do estado, não existem mais bancos em atividade por conta dos frequentes assaltos. É o caso de Novo Triunfo, no Nordeste da Bahia. Lá havia apenas uma agência do Bradesco que teve os caixas eletrônicos explodidos em fevereiro deste ano e que, por isso, logo depois foi fechada.
Para fazer operações bancárias, os moradores da cidade se deslocam para Cícero Dantas, a 46,4 quilômetros de distância. Só que viajar com dinheiro causa medo e desconfiança nos que se arriscam.
Marina Santos, 34, que é recepcionista, conta que já até deixou de tirar o dinheiro que precisava por medo. “Já aconteceu de eu ficar sem dinheiro porque estava sem coragem de ir para Cícero Dantas sozinha sacar meu salário. É um medo que me causa prejuízo, porque atrasa o pagamento até do que eu não preciso do banco para pagar. Sem o dinheiro na mão, vou pagar como?”, questiona ela.
Outro lado
Em nota, o Bradesco afirmou que as agências de Cachoeira e de Remanso (onde houve uma explosão em 7 de fevereiro) estão funcionando parcialmente e que, por isso, algumas operações, como saque, nem sempre estão disponíveis.
Já o Banco do Brasil informou que as agências explodidas no interior estão ando por um processo de reforma, por conta dos danos causados pelas explosões e que os serviços só serão normalizados após a reestruturação das agências. O banco ainda ressaltou que o caso da unidade de Urandi, assaltada na quarta-feira, ainda está sendo avaliado.
Lá, 15 homens armados explodiram o cofre do BB por volta das 2h30. O delegado Marcos Trecemel afirmou que, no ano ado, o mesmo banco já havia sido roubado.
Na semana ada, a assessoria do BB informou que a agência ficaria fechada por tempo indeterminado e que os clientes do local deveriam se dirigir à agência de Guanambi, localizada a 66,7 km da cidade.
Internet banking
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) orienta que nas cidades sem banco a população utilize os serviços de internet banking que servem para pagamentos, transferências, consultas de saldo, cancelamento de débito automático e empréstimos. Para saques, os moradores devem se deslocar para os postos credenciados ou buscar agências e caixas eletrônicos nas proximidades até que as unidades destruídas sejam reformadas.